sábado, 31 de maio de 2025

REFLEXÃO PARA A SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR – Lc 24,46-53:

 


O tempo pascal encaminha-se para sua conclusão. A liturgia da Igreja celebra neste domingo a solenidade da Ascensão do Senhor, na qual a comunidade professa a plenitude da ressurreição do Senhor. Jesus Ressuscitado, ao retornar para o âmbito de Deus leva consigo a natureza humana. Ele não volta sozinho para o Pai, mas leva a nossa humanidade e a (re)orienta para o seu fim último e definitivo: a vida de Deus.

A liturgia nos propõe o texto de Lc 24,46-53. Estamos no último capítulo do evangelho segundo Lucas, que iniciou com o relato do anúncio da ressurreição às mulheres, seguido da manifestação do Senhor ressuscitado aos discípulos na estrada de Emaús (Lc 24,12); continuando, depois, a manifestação à Simão e à toda a comunidade (Lc 24,34ss), até chegar à conclusão narrativa que temos diante de nossos olhos para a meditação.

No v.46, o evangelista nos informa que Jesus explicou o sentido das escrituras aos discípulos, após comer com eles, recordando que o Messias/Cristo deveria sofrer e ressuscitar ao terceiro dia. Esta recordação/memória que o Ressuscitado realiza junto com os seus corrobora a fala do mensageiro celestial às mulheres logo na introdução do capítulo. Elas deveriam, juntamente com o grupo dos discípulos, recordar o que o Mestre havia dito acerca da plenitude de sua missão. Para se fazer a experiência com o vivente, a comunidade deve fazer a memória atualizadora de Sua vida e missão, atualizando Sua presença, assimilando na vida cotidiana a exemplaridade da vida Dele. Ainda que elas passem pela morte. O discípulo não pode ter medo de se deparar com esse fato. É necessário e, igualmente importante, que eles acolham o evento pascal – sua paixão e morte – como a realização e cumprimento das escrituras, para que possam proclama-lo como Messias.

Nos vv. 47-48, o Jesus de Lucas toca no tema da missão. A missão da comunidade consiste em oferecer e testemunhar a reconciliação realizada por Jesus a todos os povos. O evangelista trabalha aqui com um tema que lhe é muito caro, a universalidade da salvação: é um dom para todos, indistintamente. Ninguém pode ficar excluído dela. A missão consiste em testemunhar a misericórdia de Deus através do dom da vida de Jesus.

O v.47 apresenta uma sentença que precisa ser compreendida. O texto litúrgico diz que no nome do Messias seriam anunciados a conversão e o perdão dos pecados. Mas o original grego apresenta outra forma: “em seu nome será anunciado a conversão para o perdão dos pecados”. Para se receber o perdão dos pecados se faz necessário viver a experiência e o dinamismo da conversão, que a mudança da direção errada, do caminho contrário ao querer de Deus, mudança em relação às escolhas equivocadas, mudando a mentalidade. Ora, a vida e o evangelho de Jesus anunciados, quando acolhidos na vida e no coração têm o poder de transformar a pessoa, promovendo a conversão, a qual gerará o perdão dos pecados. O pecado não é uma sujeira ou uma mancha a ser limpa ou apagada, mas uma conduta de vida distante do projeto de Deus e de Jesus, é o afastamento e a ruptura da relação com o Pai. Esta é, portanto, a missão que o discípulo deverá viver e testemunhar: anunciar com a vida e com as palavras o evangelho de Jesus que gera conversão para que cada pessoa possa fazer experiência de vida plena com Deus, de modo a eliminar o pecado de sua vida.

Para que os discípulos e a comunidade vivam profundamente a existência de Jesus, devem ser revestidos da “força do Alto”: o Espírito Santo. O evangelista usa do termo grego dynamis / δύναμις. A força do Alto é o dinamismo de vida do próprio Deus e de Jesus que anima e move a vida dos discípulos e da comunidade para viver a vida e a missão de Cristo.

A vida de Jesus foi toda pautada e conduzida pelo Espírito de Deus. No Evangelho de Lucas, tudo o que Ele realiza e vive, o faz segundo o Espírito. No relato do Batismo, é o Espírito que o investe para missão. No deserto, é o Ele quem o conduz. Na Sinagoga de Nazaré, declara-se ungido pelo Espírito. É por este momento que os discípulos deverão esperar, pela vinda desta força do Alto.

A seguir, o evangelista descreve a cena da ascensão. Jesus conduz os discípulos para outro lugar, “levou-os para fora” da cidade, próximo à Betânia. Dois detalhes devem chamar nossa atenção. Lucas emprega um termo exsâgo (ἐξάγω) que alude ao tema do Êxodo. No relato da transfiguração (Lc 9), as duas personagens Moisés e Elias conversam com o Senhor acerca do êxodo que ele realizaria mediante o dom de Sua vida, de sua Páscoa. Agora, o evangelista mostra para a sua comunidade a realização deste caminho.

Outro detalhe é a localização, o Senhor os leva para perto de Betânia. Seguir na direção deste povoado significa tomar o caminho contrário à Jerusalém: o caminho da entrada triunfante de Jesus na cidade santa, na ocasião da Páscoa. Se, de Betânia Jesus marcha para sua paixão e morte de cruz, seu êxodo de morte e vida, agora, na direção contrária de Jerusalém ele marcha definitivamente para junto do Pai. Ao mesmo tempo, o evangelista pretende denunciar a resistência de Jerusalém, enquanto sede do sistema religioso da época, em relação à missão do Senhor. A cidade santa não corresponde mais ao projeto de Deus. Os discípulos precisam sair dela para serem formados e fortalecidos pelo sentido da vida de Jesus para retornarem a fim de evangeliza-la e renovar lhes as estruturas.

Em Betânia Jesus sempre foi muito bem acolhido pela família dos amigos Lázaro, Maria e Marta. Sempre desfrutou ali da hospitalidade, da amizade, da fraternidade. A casa desta família de Betânia é o símbolo da Comunidade Cristã que deve ser espaço de fraternidade e de vida. Será a partir do âmbito da vida comunitária que os discípulos serão chamados a reconstruir também as realidades que os rodeiam. A partir da fraternidade, do amor mutuo, da misericórdia e da compaixão, do serviço ao próximo.

Lucas, pele primeira vez mostra Jesus abençoando os seus. As mãos, na antropologia bíblica estão sempre relacionadas às ações (ao agir). O Senhor ao abençoar os discípulos está comunicando a eles toda a plenitude de seu agir. Como Ele agiu, gerando vida, revelando a face amorosa e misericordiosa de Deus, também eles e a Igreja deverão fazer o mesmo. A benção bíblica é, primeiramente, o ato de bendizer à Deus recordando seus feitos, aquilo que realizou em favor dos seus, para tornarem-se lugar da Sua presença. Ela assume uma dinâmica performativa, ou seja, realiza aquilo que diz, transmitindo uma força eficaz e irrevogável. Ela comunica a essência daquele que abençoa àqueles que são abençoados. Assim, os discípulos, que são abençoados, difundirão a plenitude da vida do Senhor Ressuscitado e do Pai e, através dela, farão novos discípulos.

Depois de abençoar os discípulos, Jesus foi elevado aos Céus. É necessário compreender a cosmologia da época, isto é, a concepção de universo, espaço e tempo do povo da bíblia. O céu é o lugar da habitação de Deus. É âmbito divino e expressa a condição divina. Aplicando essa imagem a Jesus, o evangelista pretende ensinar que Ele cumpriu plenamente a missão de revelar a face misericordiosa do Pai. Por ter sido fiel a ela, isso foi levado em conta por Deus, que o enalteceu ao entronizá-lo a sua direita. Ação de elevar o Filho é realizada pelo Pai (“foi levado para os céus” encontra-se na voz passiva, que indica que a ação em relação ao Filho foi realizada por Deus-Pai), assim como a ressurreição.

A elevação/ascensão de Jesus não é outra coisa que o retorno ao âmbito do divino. Aquele homem que havia sido condenado como blasfemo e morto pelas lideranças religiosas e políticas, agora está à Direita de Deus. Porque Ele mesmo assim o quis. É uma maneira que o evangelista encontra para dizer que o Crucificado pertence a esfera da divindade.

“Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (vv.52-53). Adorar é a atitude típica do reconhecimento da soberania de Jesus. Os Seus discípulos sabem que Ele é realmente o salvador, e, por isso, da mesma forma que no início do Evangelho lucano os pastores se alegraram com o anúncio do nascimento do Messias (cf. Lc 2,10), os discípulos expressam uma “grande alegria”. A alegria é uma característica essencial do discipulado, na perspectiva de Lucas. Ela já foi antecipada no início da catequese também por Maria (cf. 1,47) e pelos anjos (cf. 2,8-20). E agora toca aos discípulos comunica-la ao mundo.

 

Pe. João Paulo Góes Sillio.

Santuário São Judas Tadeu, Avaré/Arquidiocese de Botucatu-SP


sábado, 24 de maio de 2025

REFLEXÃO PARA O VI DOMINGO DO TEMPO PASCAL – Jo 14,23-29:

 


Adentramos no sexto domingo do tempo pascal, seguindo com a leitura do testamento de Jesus no Quarto Evangelho, o qual constitui o Seu grande ensinamento sobre o mandamento (dinamismo) do amor, e sobre a entrega da própria vida através do gesto do Lava-pés. A liturgia propõe para a nossa meditação o texto de Jo 14,23-29. 

Antes de tomarmos o texto de hoje, se faz necessário recordar que nos versículos anteriores, Jesus prometeu o Espírito Santo aos discípulos. É o dinamismo de vida do Pai e do Filho, que, doado por ambos comunica vida, filiação e amor. É aquele que garante a continuidade da vida e da presença do Cristo para a comunidade, através da vivência do mandamento do Amor. Isso posto, podemos entrar no horizonte do texto.

Jesus continua seu discurso, dizendo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou”(vv.23-24). Jesus afirma a importância do amor e de guardá-lo como mandamento/Palavra. O amor é a plena adesão e identificação a Ele. Durante toda a sua vida pública, ministério e Obra, Ele tratou de revelar com gestos, atitudes e palavras a forma deste Amor: é uma conduta de vida, um estilo! É a capacidade de colocar a vida em relação ao outro na dinâmica do oferecimento de si, portanto, um Amor oblativo, que se doa sem esperar nada em troca. É um Amor gerador de vida.

Amar a Jesus é colocar a própria vida em sintonia com a Sua vida. E o critério para saber se o discípulo O ama é o fato de saber se a Sua Palavra é, de fato, guardada, ou seja, vivida. O verbo guardar (hbr. Shama) não significa reter para si, mas observar, no sentido de cumprir/viver. Só o amor pode motivar a adesão à Palavra/mandamento de Jesus. Só o amor tem a capacidade de tornar o discípulo em morada de Jesus e do Pai. Na medida em que este revive e reproduz em sua vida o mesmo sentido de vida do Senhor e guarda a Sua Palavra, se torna lugar através do qual Deus pode habitar e agir.

Jesus, até o momento, já havia entregado boa parte de seu testamento: o gesto profético do Lava-pés, que ilustra a forma radical de seu amor, e o mandamento novo do amor. Agora, para confirmar os discípulos nesta forma de vida, fala uma vez mais daquele que guardará a comunidade e os discípulos nesta missão: “o defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (v.25). Na teologia do Quarto Evangelho, o Espírito é o defensor; tem a função de ensinar e recordar. O termo que João emprega é παράκλητος/paraklétos (gr. Pará = junto de, ao lado de / kalein (kaleo) =  chamar), que significa “estar junto de”, ou “ser chamado para ficar ao lado”. Ao lado do discípulo e da comunidade, enquanto presença ativa e viva do próprio Senhor.

Outras duas funções são apresentadas por Jesus: ensinar e recordar. Ambas as funções querem dizer a mesma coisa: atualizar. Ora, o verbo “recordar”, na fé e tradição do Antigo Testamento remente à atitude da memória bíblica, isto é, tornar presente no hoje o ensinamento, a missão e a vida mesma de Jesus. O ensinar/recordar são duas atitudes imprescindíveis para a vida da comunidade. São as atitudes daqueles e daquelas que vivem a novidade do convite à vida ressuscitada de Jesus, e dela dão testemunho. O Espírito Santo é aquele que inscreve (escreve a partir de dentro) a vida mesma de Jesus em nós. Ele é a letra de Cristo que escreve no livro da vida humana a vida de Jesus.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe o vosso coração” (v. 27). Jesus fala da paz, outro dom em promessa que anuncia em seu testamento. É preciso entender que paz é esta. É aquela que, no Antigo Testamento está associada à posse da terra prometida. Mas ela é dom e garantia do tempo do Messias. Significa que a espera acabou e que a promessa foi cumprida.

Todavia, no Novo Testamento, a paz não se dá em virtude da conquista de um lugar geográfico, como a posse da terra da promessa, no AT. Ela se dá através da relação com Jesus. Nesse sentido, Ele é a promessa cumprida. Assim, para os discípulos, a Paz é um modo de ser e de existir. É ela qualidade de vida. Por isso, a paz que Jesus dá é Ele mesmo.

Qual a finalidade de Jo 14, 23-29 para a comunidade dos discípulos, para a geração posterior e para nós, hoje? Fundindo os horizontes da comunidade dos discípulos (tempo narrado, os anos trinta) e o da comunidade joanina (a geração posterior dos fieis, na qual inclui-se todo o fiel-discípulo e leitor do Evangelho, pelos idos dos anos noventa), a intenção do texto atinge seu ápice quando a comunidade cristã lê, assimila e adere ao testamento/ensinamento de Jesus como sendo seu modo de vida, pautando o seu agir e sua identidade no modo de vida Dele. Assim, o discurso de despedida que o Senhor deixa aos seus serve para que eles, e a geração seguinte, possam balizar seu ser, viver e agir na Sua ausência. Nesta perspectiva, a comunidade teria as ferramentas (os meios) para viver constantemente o convite e a realidade de uma vida ressuscitada garantida pelo dom do amor do Senhor e por seu Espírito, isto é, viver segundo o Filho de Deus, gerando Paz e vida.


Pe. Joao Paulo Sillio.

Santuário São Judas Tadeu, Avaré / Arquidiocese de Botucatu-SP.

sábado, 17 de maio de 2025

REFLEXÃO PARA O V DOMINGO DO TEMPO PASCAL – Jo 13,31-35:

 


O evangelho deste Quinto Domingo do tempo pascal retoma a narrativa da ceia de despedida de Jesus, no Quarto Evangelho (Jo 13,1-38). Estamos ao interno do chamado Livro da Glória. O texto de Jo 13,31-35 situa-se após o gesto profético do lava-pés. Mas, no contexto da catequese joanina, este discurso encontra-se no bloco denominado testamento de Jesus (Jo 13 – 17), sendo quatro capítulos narrados ao redor da ceia. Esta, é o lugar da partilha e da comunhão de vida entre o anfitrião e os hospedes. Por isso, o testamento que Jesus deixa aos seus se dá ao interno desta ceia.

O testamento que Jesus entrega aos seus é a exemplaridade de Sua vida. O seu conteúdo é a revelação de Deus através da Sua vida, mediante a sua entrega, e o mandamento do Amor. É sobre ele que a comunidade de João e as gerações futuras deverão se debruçar. Por isso, a nível de catequese litúrgica, a Igreja oferece este texto para a meditação, a fim de que as comunidades de todos os tempos, tendo feita a experiência com Jesus ressuscitado, possam pautar a vida nos ensinamentos e no modo de vida do Senhor. Somente vivendo a partir do modo de vida de Jesus a comunidade continuará a experiência da ressurreição e prolongará sempre na história, a vida do Mestre.

No v.31 temos uma informação importante: a saída de Judas. Ele se decidiu por romper com Jesus, com seu projeto e com o grupo dos Doze. Optou em não aceitar a dinâmica do lavar os pés. Escolheu as trevas. Por isso, João ambienta o testamento e os acontecimentos finais da vida de Jesus no período noturno. Somente após a saída deste discípulo é que o mestre entrega o seu testamento aos demais. Só pode receber e assumir o testamento do Senhor aquele que estabeleceu uma comunhão com o Seu modo de vida.

O v.32 toca precisamente no tema da Glória (da glorificação) de Jesus. O tema da Glória no Quarto Evangelho é importante e perpassa a obra joanina do começo ao fim. Glória, aqui, não significa brilho/esplendor. O evangelista serve-se do pano de fundo do Antigo Testamento, trabalhando com o termo hebraico Kabod, o qual se traduz por Glória, mas no sentido de “presença/peso/substância”. Assim, a Glória de Deus outra coisa não é que a sua presença na história.

Na teologia do evangelho de João, a vida de Jesus torna-se o lugar no qual se dá a presença de Deus. Com efeito, a Glorificação do Filho do Homem, da qual está falando o mestre é o ato de manifestar a presença de Deus através do dom da sua própria vida, como veio fazendo, mas de modo mais denso e pleno na Cruz. Por isso, é na Cruz que Deus revela todo o seu poder, sua presença e seu Ser no Crucificado.

O evangelista, no texto grego serve-se da voz passiva, a qual indica Deus como o agente  realizador da ação (“passivo teológico ou divino”). O termo “glorificar” pode ser entendido, ainda, no sentido de “manifestação da glória”, revelação da presença divina: “Foi glorificado o filho do Homem, e Deus foi glorificado nele”. Ora, a glória de Jesus, enquanto Filho consiste em realizar o querer e a obra do Pai. A glória do Pai, por sua vez, é ver o Filho amando até o fim, isto é, plenamente. E sendo-lhe fiel. Mas só poderá tomar parte da glorificação de Deus em Jesus os que são tidos como “filhinhos”, ou seja, aqueles que aderiram e aderem ao projeto e à vida de Jesus: os iniciados na Fé.

“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (v.34). Existem dois adjetivos que correspondem a “novo”: o primeiro deles, “néos” (gr. νέος) significa algo novo mas que se acrescenta ao que já existe; o segundo, kainós (gr. καινός) significa algo que substitui o que é velho, superando-o e fazendo-o desaparecer. É esse segundo termo que João se serve aqui. Portanto, o mandamento novo dado pelo Senhor é um acréscimo à antiga Lei, mas a sua completa superação, no sentido de leva-la à plenitude.

Jesus ao comunicar um “mandamento novo”, está a dizer para seus discípulos (e à nós) que sua vida e o modo do Seu amor superam (plenificam, conferem plenitude e cumprimento/realização) a Instrução/caminho, a Torá de Deus. O amor tem a capacidade de superar uma Lei; de aperfeiçoar um “caminho” (Torá/instrução). Quer dizer que, vivendo esse mandamento, a comunidade não necessita de nenhum outro. É esse o modelo de amor que ela deve assimilar e reproduzir.

Jesus não dá como testamento para sua comunidade um conjunto de normas ou ritos somente. Sim, é verdade que no "tomar e comer, e no tomar e beber", Ele nos dá a ordem de iteração "fazei isto em memória de mim", para que se celebre e se atualize sempre a sua vida através dos dons sacramentais. Mas a liturgia e o rito só adquirem a real eficácia quando verificados através do modo de vida de Jesus.

A vivência deste Amor de Jesus torna-se o critério para reconhecer as comunidades e os discípulos de Jesus, “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (v. 35). Assim, se faz necessário questionar-nos um pouco: 1) Será que poderemos nos reconhecer entre os filhinhos ou estamos ainda na dinâmica existencial de Judas, que rompeu com a comunhão e com projeto de vida e amor de Jesus? 2) Poderemos ser distinguidos e identificados através do Amor de Jesus que deve permear e performar a nossa vida? 3) Nossas comunidades se alimentam e se balizam pelo mesmo amor de Jesus, sendo sinais e testemunhas deste Amor?


Pe. João Paulo Sillio.

Paróquia São Judas Tadeu, Avaré/Arquidiocese de Botucatu-SP.

sábado, 10 de maio de 2025

REFLEXÃO PARA O IV DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 10,27-30:

 


O texto que a liturgia do quarto domingo da páscoa nos propõe encontra-se em Jo 10,27-30. O capítulo décimo do Quarto Evangelho apresenta a temática do pastoreio, com destaque para a alegoria do Pastor Exemplar, ou “Belo Pastor”, dos vv.11-18. Qual o sentido deste texto dentro desta escola pascal pela qual atravessamos? Orientar a Igreja para três atitudes fundamentais para que se possa fazer a experiência com a vida plena que o Ressuscitado oferece: escutar, conhecer e seguir.  

A imagem do pastor/pastoreio e do rebanho nutria a fé e o imaginário religioso do povo de Deus, bem como alimentava as expectativas acerca da manifestação do Messias. Primeiramente, o rebanho/ovelha é um símbolo aplicado ao povo. Já a imagem do pastor era atribuída ao próprio Deus. Mas, no decorrer do tempo foi sendo aplicada às lideranças, os reis e sacerdotes, a alcunha de pastores (guias). A história mostrou que esta função não foi desempenhada “segundo o coração de Deus (cf. Ez 34)” pelas mesmas lideranças.

O contexto imediato do texto é o da festa da Dedicação. O evangelista situa Jesus nos arredores do templo por ocasião da festa da dedicação. Ela foi estabelecida por Judas Macabeu em 165 a.C., para celebrar a vitória sobre a dominação grega e a nova dedicação do templo e do altar, profanado pelos selêucidas (cf. 1 Mc 4,36-59). A festa acontecia em Jerusalém e durava oito dias. Ela encontra seu substrato bíblico no texto profético de Ezequiel, no qual o profeta faz uma enfática denúncia aos maus pastores de Israel, que apascentavam a si mesmos, ao invés de apascentar o (povo) rebanho (cf. Ez 34,1-2). Por isso, de acordo com o profeta, Deus toma a iniciativa de destituir os maus pastores e cuidar ele mesmo do rebanho (cf. Ez 34,11).

No nível do contexto próximo (lugar literário onde o texto se encontra situado) é que também se deve lançar o olhar, a fim de compreender o discurso de Jesus. Por isso, devemos voltar para o capítulo nono, o sinal realizado por Ele na cura do cego de nascença. Este consiste na Sua revelação enquanto enviado (hbr. siloé) para trazer a Luz ao mundo. O cego de nascença é, ao mesmo tempo, instrumento através do qual o Senhor revela a Glória de Deus, e metáfora para as lideranças do povo, as quais estavam cegas, optando conscientemente em não querer ver a Luz de Deus que se manifestava em Jesus de Nazaré. Isso é atestado pela mesma postura destas lideranças judaicas. Elas, que deveriam cuidar, acolher, promover a vida e a dignidade, acabavam expulsando do meio deles a gente simples, aqueles que representavam-lhes alguma ameaça, ou, porque, simplesmente viviam fora de seus padrões. Sabendo disso, Jesus vai ao encontro do ex-cego (Jo 9,35-37). Neste sentido, na alegoria do Bom Pastor, no capítulo seguinte, o evangelista opera um contraste entre as lideranças judaicas, que agiam na contramão do projeto de Deus, e Jesus, que age segundo o coração (de pastor) do Pai, mostrando-se exemplar, realizando aquilo que as lideranças do povo deveriam fazer, e não faziam.

Agora, entrando no horizonte do texto. Nos versículos 24-26, ocorre um embate entre os chefes do povo (os judeus) e Jesus. Eles O interpelam no templo acerca de sua identidade: “Até quando nos deixarás em suspense? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente” (v.24). A resposta do Senhor, infelizmente omitida na liturgia, é que dará início ao texto dominical: “Eu já vos disse, mas vós não credes. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim. Vós, porém, não credes, porque não sois das minhas ovelhas” (25-26).

No v. 27, Jesus declara: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. Ele indica aqui a condição para ser “ovelha” (discípulo) de Jesus: ouvir e segui-lo. Ao dizer as condições necessárias para ser discípulo e, portanto, participar do redil, Jesus denuncia que os líderes do povo não fazem parte de seu rebanho, porque não aceitam nem querem escutar, tampouco segui-lo.

Escutar e seguir são dois verbos importantes para a compreensão da mensagem de Jesus. O verbo “escutar”, no ambiente bíblico, não significa simplesmente a capacidade ou faculdade biológico-física da percepção de um som ou ruído, mas é acima de tudo dar adesão completa àquele que fala, deixar-se transformar e, consequentemente, conduzir-se pelas suas palavras. A atitude da escuta orienta para outra ação do discípulo, o seguimento. O seguimento a Jesus, como consequência da escuta, significa seguir os mesmos caminhos dele, com liberdade e disposição.

No v.28, Jesus garante que as suas ovelhas recebem o supremo dom que Ele pode doar, a “vida eterna”, a garantia de que elas jamais se perderão e que ninguém poderá tirá-las de suas mãos. O que seria esta vida eterna da qual fala Jesus? A vida que pertence ao âmbito de Deus. Não é a continuação desta mesma vida, mas um dom superior em qualidade e em dinamicidade que está em Deus mesmo. Todavia, ela não é um prêmio dado àquelas pessoas boas no futuro. A opção por Jesus e ao seu Evangelho simbolizada pela escuta da sua voz e o seguimento à sua pessoa, eterniza a vida. Não é uma vida pós-morte, mas é uma vida tão plena, tão cheia de sentido e autêntica, que se torna indestrutível. Logo, vida eterna é a vida de todo homem e toda mulher que escuta a voz de Jesus e abraça o seu seguimento, a sua vida, o seu projeto. Tem-se, em Jesus, e, a partir dele, a oportunidade de se viver uma vida em tons de eternidade, e, portanto, ressuscitada, desde já!

“Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um” (29-30). Nestes dois versículos Jesus declara que o que vale em relação ao Pai vale também em relação a si, ou seja, os dois constituem uma única realidade. Por isso, ninguém consegue arrancar as ovelhas da mão de Jesus (cf. v 28b) pois tudo o que está em suas mãos, está, igualmente, nas mãos do Pai. A mão, conforme a antropologia bíblica, é metáfora do poder e do agir protetor de Deus, de Sua força e dos Seus cuidados enquanto pai e mãe.

Por isso, o evangelho de hoje nos questiona: 1) Somos verdadeiras ovelhas de Jesus? 2) Temos ouvido (aderido) à voz (evangelho e vida) de Jesus e, portanto, seguido a exemplaridade da vida do Pastor Ideal?


Pe. João Paulo Sillio.

Pároco de São Judas Tadeu, Avaré /Arquidiocese de Botucatu-SP.


sábado, 3 de maio de 2025

REFLEXÃO PARA O III DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 21,1-19 (1-15):



O terceiro domingo da Páscoa apresenta para a meditação o capítulo 21 do Quarto Evangelho, onde se narra o terceiro encontro de Jesus Ressuscitado com a comunidade que, processualmente, se coloca a fazer a experiência da Ressurreição e com o Vivente, o Senhor vencedor da morte. A liturgia traz para a celebração os dezenove versículos deste capítulo. Mas a reflexão se delimitará até o v.15. Não se fará a reflexão da reabilitação do discípulo Pedro (16-19) para não prolongar o texto e a explicação. Outra oportunidade haverá.

A terceira experiência com o Ressuscitado é narrada em contexto e lugar diverso daqueles apresentados no capítulo vinte pelo evangelista. O Senhor vai encontro dos seus no primeiro dia da semana, quando a comunidade estava fechada no medo. Oito dias depois, se coloca em meio aos discípulos, mas, agora, com a comunidade completa. O discípulo Tomé está ali. E ambos, comunidade e discípulo fazem a experiência com o Jesus, o Vivente, naquela experiência comunitária, religiosa, porque o primeiro dia da semana, o Domingo, é o dia em que as comunidades dos discípulos se reúnem para celebrar a memória, a missão e a vida do Senhor. Ora, os dois primeiros encontros com Ele se dão na realidade e no âmbito do sagrado. Mas, esta experiência com o Ressuscitado pode ser feita em outra realidade? Pode, deve e é feita!

O evangelista ambienta a experiência pascal dos discípulos com Jesus fora do âmbito da comunidade. Apresenta o cenário: “a beira do mar de Tiberíades” (v.1). Importante recolher as duas informações. O mar: símbolo de todas as forças contrárias ao projeto de Deus; lugar da realidade deformada pelo pecado e local de experiência de morte. É neste contexto que Jesus pediu que os discípulos lançassem as redes (Lc 5,1ss), e se tornassem pescadores de homens. Em Jo 6, o autor narra a caminhada do Senhor sobre o mar. O mar é símbolo da hostilidade e da impossibilidade de vida, mas é onde a missão da comunidade dos discípulos acontece. A cidade de Tiberíades foi construída por Herodes em homenagem a Tibério, imperador de Roma e “amigo” dos judeus. O local de sua construção é muito controverso: foi edificada sobre um antigo cemitério. Por isso, muitos rabinos do tempo de Jesus se recusavam a ir até ali, aconselhando o mesmo aos seus discípulos. Ora, o catequista ambienta o terceiro encontro com o Ressuscitado numa realidade profana, isto é, longe da esfera e do ambiente do sagrado. No âmbito da cotidianidade. Onde a vida também acontece. Precisamente na realidade do trabalho dos discípulos.

No v.2, o evangelista apresenta o grupo: Simão Pedro, Tomé, Natanael, Tiago e João (filhos de Zebedeu), e outros dois discípulos. Sete pessoas. Não é irrelevante. Há um significado simbólico que ajuda a captar a mensagem. É a imagem da comunidade cristã. Estão em sete e não em doze. O número 12 representa Israel. Mas o número 7 ou 70 indicam a universalidade das nações. A comunidade do Ressuscitado não se limita a um povo, mas é aberta a todos os povos, línguas e nações. O projeto de vida e amor anunciado por Jesus precisa ser levado a diante para todos e acolher a todos. Mas é importante lançar olhar para a composição desta comunidade. Pedro, o discípulo que mais apresenta dificuldade em relação ao seguimento e ao projeto do Mestre. Recusa, resistência e mentalidade equivocada em relação ao messianismo de Jesus, viciado pela lógica do poder e da grandeza. Tomé, o discípulo ativo, destemido, exigente, pede provas, mas que, num determinado momento de sua experiência com o Senhor, se afasta da comunidade. Natanael, homem autêntico e verdadeiro. É aquele que é sincero em relação à Jesus; não tem medo de se posicionar. Ao mesmo tempo é quem abraça com entusiasmo vontade e força o ensinamento do Senhor. É um discípulo com quem se pode fazer experiência de autenticidade. Os irmãos Zebedeu, Tiago e João, são os discípulos intolerantes e fanáticos; que tem sérias dificuldades em aceitar o diferente. São fundamentalistas e quase terroristas. Diante da recusa dos samaritanos esbravejam e pedem a Jesus que faça descer fogo dos céus para destruí-los. Evidentemente são repreendidos por Ele. E dois discípulos anônimos. São como espelhos. Conseguiu se identificar com algum deles?

Não há problema caso não tenha se encontrado neles. Pois se não conseguiu se identificar com nenhum dos cinco mencionados, pode ser que consiga com os dois anônimos. Um destes é o discípulo amado. O sétimo, pode ser você e eu.

No v. 3, Simão Pedro toma a iniciativa de ir pescar. Os outros aderem e vão. Embarcam na barca. Era noite. Evidentemente que João não está contando uma crônica, mas transmitindo uma mensagem de fé. A barca representa a comunidade cristã. A pesca simboliza a missão da comunidade. Pescar homens, ou seja, retirar da realidade da morte manifestada pelo mar, as pessoas. E a comunidade vai para pesca. A noite simboliza acena para a realidade das trevas, oposição e ausência da luz. Para o Quarto Evangelho, Jesus é a luz para o mundo. Ou seja, o autor pretende mostrar que a pesca (a missão) é feita sem Jesus. Quando ele não está presente, não há resultado. É a metáfora da vida e da missão dos discípulos e das discípulas que se esquecem do projeto e da pessoa e Jesus. Pensam que sozinhos darão conta. Pensam que seus projetos pessoais valem e salvam mais que o Senhor. Mas que não tem sucesso depois. Estão pescando errado. Lançam a rede na direção errada. Sem o Cristo perdem a direção e o rumo certo. Trata-se de uma advertência do evangelista para sua comunidade.

João apresenta a reviravolta da experiência. “Já tinha amanhecido e Jesus estava de pé na margem da”. Em contraste, os discípulos estão no mar. É interessante como o Senhor é apresentado, “em pé”, na margem. O Cristo é pé é a imagem utilizada pelo evangelista para se referir a condição ressuscitada de Jesus. É o Vivente. Sua vida é dotada de qualidade e plenitude. Nada a limita mais. Nem o fracasso dos discípulos que nada conseguiram na missão. O evangelista enfatiza que estava na margem, ou seja, na terra firme. Desejando comunicar a firmeza de sua vida a eles. Um diálogo acontece; o Ressuscitado pergunta se eles conseguiram algo para comer e estes devolvem em negativa. Então, a ação transformadora da cena: “Lançai a rede a direita da barca e achareis”. Lançaram e não conseguiam puxa-la. A rede estava cheia de grandes peixes.

Lançar a direita é o oposto de lançar a esquerda. A pesca não acontece se lançar as redes no lado errado. Não se consegue realizar pesca dos homens se só se vê ou valoriza o lado errado das pessoas. Isso significa lançar a rede no lado errado. Quando os discípulos escutam a voz do Senhor que está presente, e lançam para o lado certo, ou seja, olham para o lado positivo e para as qualidades dos outros conseguem tira-los das águas da morte. A pesca acontece e é abundante. A missão tem êxito. A experiência com o Ressuscitado tem condições de acontecer na dificuldade da vida, no lado errado da existência. Ali ele encontra o discípulo e a comunidade. E ali a comunidade também pode encontra-lo e reconhece-lo.

O discípulo amado reconhece Jesus: “É o Senhor!” (v.7). Este discípulo é aquele que desde o seu chamado, juntamente com André (Jo 1,18ss), abraça o caminho e a proposta de Jesus. Ele consegue assimilar o sentido da existência e da missão do Senhor. É aberto e disponível. Mais! Ele consegue entender o amor do Mestre, permite-se ser amado e, por isso, se põe a viver como o Ele. Por isso consegue reconhecer Jesus Ressuscitado. Ele faz a memória das palavras e da vida do Senhor, por isso está em condições de reconhece-lo.

Nos v.9-11, os discípulos, ao chegarem em terra viram algo curioso: Jesus lhes tinha preparado a refeição. Brasas acesas e sobre elas, pão e peixes. Mas de onde Ele tirara os peixes? Havia pescado? Sim, toda a Sua vida foi uma incessante pesca. Recorde-se que a pesca é símbolo da missão de tirar as pessoas da situação da morte e leva-las para a vida. O Senhor apresenta também a eles o resultado de sua pesca existencial, por exemplo, Nicodemos (Jo 3), a samaritana recuperada (Jo 4), o paralítico de Betesda (Jo 5), a multidão faminta em (Jo 6), o cego de nascença (Jo 9). Muitos são os peixes que Jesus pescou. Ele está mostrando aos discípulos que esta deve ser a pesca a realizar. Por isso pede a eles que também tragam o fruto de sua missão (v.11). Eram cento e cinquenta e três grandes peixes, ou seja, a humanidade recuperada através da missão da comunidade dos discípulos que é levada até Jesus.

“Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe” (v.13).O evangelista narra um momento intenso entre Jesus ressuscitado e os discípulos. Uma refeição. A refeição era o momento e o lugar privilegiado da partilha e da comunhão de vida, do amor e do servir os irmãos, como nos faz recordar a ceia com os discípulos (cf. Jo 13). O pão preparado é Ele mesmo. João ressalta para a comunidade, através deste gesto de Jesus, a realidade da Eucaristia. No gesto singelo e profundo de uma refeição eles fazem a experiência com o ressuscitado.

A finalidade deste relato atinge sua intencionalidade, que é a de reconhecer o Senhor nas atividades concretas e cotidianas simbolizadas pela pesca (missão), e através da Eucaristia, partindo o pão (símbolo da Sua vida doada em amor). Jesus interage conosco nestes momentos da nossa vida. Ali a vida acontece. No cotidiano  reconhecer a Graça de Deus que transforma a mesmice em tempo de Salvação. Na realidade mais dura e difícil, na simplicidade de um trabalho até corriqueiro e rotineiro ver os sinais e a oportunidade de se fazer experiência com o Ressuscitado, a fim de retomar a missão e a vida, a fim de gerar vida para a humanidade.

Pe. João Paulo Góes Sillio.

Paróquia São Judas Tadeu, Avaré/Arquidiocese de Botucatu-SP.